Welcome to my blog, hope you enjoy reading
RSS

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Suicidio de Jenna V. Última página do Diário.


A morte é muito confortável. De certa forma a cura de todas as dores incuráveis. O atalho para o fim dos seus problemas. É a tranquilidade para as almas inquietas. Fim de sofrimentos indispensáveis. Morrer é fácil, é rápido, dói menos que muitas dores de amor, que dores de saudades, dói menos que as dores do coração. Ela Com toda certeza a forma mais simples e rápida para o não sofrer mais. Porém a mais egoísta delas.

Não sei como agir...


- Léo, eu já estava preocupada demais, desde que atrasou. Isso não podia ter acontecido, como foi que isso aconteceu? A gente sempre se preveniu. Droga, não podia. Eu não quero esse filho, eu vou abortar.

Ainda dá tempo de tomar alguma coisa. - Eu terminava a frase quase gritando, parecia cada vez mais difícil de guardar aquela vida dentro de mim, parecia que a cada segundo que passava ficava mais difícil tomar uma atitude.

- Não. Olha pra mim, olha aqui - Disse me puxando meu braço e me fazendo o encarar. - Eu vou dar tudo que essa criança precisa, tudo que você precisa. Eu amo muito você e quero esse filho. Claro que ele não veio no melhor momento, mas eu posso dar tudo que ele precisa e muito mais.

- Não Léo! Você ta louco? Eu não posso, eu NÃO QUERO. Eu tenho 18 anos ainda. Você já tem a tua carreira, já conquistou seu espaço no mercado, já é bem sucedido no que escolheu , e eu, eu mal terminei a porcaria do ensino médio, mal comecei a fazer faculdade. - Chorando eu mal podia vê-lo. A única coisa que passava na minha cabeça era como eu podia ter deixado isso acontecer? - Eu vou abortar e ponto final.

- Por favor, você não precisa contar para ninguém, antes que sua barriga comece a crescer eu pago para você um curso no exterior, depois que a criança nascer você volta e entrega ela pra mim. Não tira esse bebê. Saiba que eu te amo muito. E vou te amar cada vez mais, ainda mais se você não me negar esse incrível presente que a vida esta nos oferecendo. Senta aqui, vamos conversar, depois você vai para casa e pensa bem, pesa tudo que a gente combinar e então decide o que é o melhor a fazer. Eu prometo te proteger e sempre te amar como hoje.

Eu estava me sentindo perdida sem chão, sem um galho, sem nada para ter onde me segurar, eu parecia estar sendo sugada por um turbilhão e sem ter como me defender, mas quando ele me abraçou finalmente senti novamente meu coração acalmar, o medo se calar. Eu sabia que teria ali sempre meu porto seguro, teria amor tão incondicional quanto o amor que eu sentia. Eu apenas não tinha certeza se essa era realmente a hora certa para ter tudo isso, cedo demais, para ter tantas responsabilidades. Mas eu tinha realmente que pensar, eu tinha o poder de uma vida em minhas mãos, ainda que essa vida pudesse não ter sentido ainda, ela já era amada por alguém.

Pai. Suicídio de Jenna IV

A dor de se perder alguém próximo é terrível, porém a dor de se perder um filho não se compara a nenhuma outra dor, nem emocional, muito menos física. Eu preferiria ter sido torturado até morrer por exaustão ao ter perdido minha menininha. Eu jamais poderia descrever a dor, meu coração sangrava aos poucos desde o forte golpe de quando ficamos sabendo que ela tinha um tipo grave de câncer que não podia mais ser curado pelo estágio avançado em que se encontrava. Fiquei mal demais a partir deste dia, eu passei a frequentar menos minha própria casa nas primeiras semanas, eu era o líder da família em todas as situações, mas não era forte o suficiente para conseguir suportar a dor de saber que minha princesinha morreria, quando mal teve o direito de aproveitar sua vida. Porque ela? Porque não eu?


Quando consegui me recuperar parcialmente do golpe, passei a ficar o máximo de tempo possível com ela. E aproveitar cada segundo que me restava com o bem mais preciso da minha vida. E mesmo com o diagnóstico de vários especialista eu sempre nutri falsas esperanças, ultimamente eu estava até convencido de que poderíamos encontrar algum tratamento. Minha mulher Lilian e Josh sempre choravam quando discutíamos sobre isso. Mas eu não podia aceitar o fato de que Jenna estava fatalmente condenada. Ultimamente ela parecia tão serena, dormia boa parte do dia, estava mais fraca, mas tão incrivelmente doce quanto sempre foi. Agora eu mal podia sofrer, eu tinha que ser forte Josh e Lilian estavam sofrendo demais, alguém tinha que segurar a onda. E aquilo parecia me desmontar célula por célula, como se eu estivesse sendo destruído aos poucos. Eu não tinha mais vontade de comer, muito menos que sair da cama todas as manhãs. E as vezes eu mal podia falar sem que um caroço enroscasse na minha garganta. Perdi as contas de quantas vezes essa semana me tranquei no banheiro ou na despensa para poder cair em desespero e chorar como uma criança sem que ninguém me visse. Perdi as contas de quantas vezes minha secretária falou comigo e eu nem percebia sua presença até que perguntasse se estava tudo bem e terminasse me consolando em uma crise desesperada de choro interminável. Mas eu jamais magoaria Josh e nem Lilian, eles já sofriam demais. Porém sempre faltaria um pedaço de mim, o mais doce, mais amável e mais importante.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O Suicídio de Jenna III. Mãe

O táxi parou chegando na 5th avenida, então meu coração disparou em uma ansiedade agonizante. Vi o taxista perguntar ao garoto que voltava, apenas o ouvi terminar para sair correndo do carro, deixei meu casaco e minha bolsa lá dentro em um impulso de um terrível pressentimento.

Corri entre o zigue-zangue de carros, as palavras do garoto ecoando em minha mente e fazendo meu coração congelar. “uma garota jogou-se de um prédio” ’ uma garota, jogou-se, jogou-se, uma garota, uma garota jogou-se de um prédio...’ Meu coração batia cada vez mais rápido e minha respiração acelerava mais forte a cada passo. A cada passo era cada vez mais difícil passar, tinha cada vez mais pessoas. Enfiei-me por entre elas e fui me livrando dos milhares de curiosos um a um, enquanto meu coração parecia estar sendo comprimido, ele doía só de pulsar, minha veias latejavam e o ar abafado passava gélido pelos meus pulmões. A agonia e o pressentimento ruim nem se compraram a dor e ao desespero que eu senti ao ver Josh saindo de cima do corpo esfacelado de sua irmã, todo sujo de sangue, em desespero e vindo em minha direção chorando compulsivamente, mal podendo enxergar por causa das lágrimas. Meu coração pareceu partir, esfolar, doer, meu peito ardeu apenas de puxar o ar que me era necessário para respirar. Minha voz, meu choro ficaram entalados na minha garganta junto com um imenso caroço que der repente me impedia até mesmo de respirar. Apenas as lágrimas corriam em meu rosto enquanto abraçava Josh sem conseguir tirar os olhos da cena que seria meu pior pesadelo para o resto da vida, a razão do meu eterno desespero e dor inexoravelmente forte de ter perdido quem eu amava incondicionalmente mais que minha própria vida.

-Mamãe eu não queria, sinto tanto. Porque ela fez isso?Mamãe eu a amava tanto. - disse Josh convulsionando em choro.

-Eu sei filho eu também a amo muito.

Síndrome do Pânico III

Tenho medo de não resistir antes de ver meus sonhos realizados.

Antes do amor sincero, antes da felicidade plena, antes de crer que no fim fica tudo bem.