
Ela sempre se sentou no mesmo lugar, bem na frente dele.
Ela era muito tímida, eu acho, era quieta. Usava roupas pretas, estava sempre com um caderno e caneta na mão, “Ela devia gostar de escrever”- eu pensava, as vezes estava muito triste... Ela vinha de metrô todos os dias... Sempre sentava ficava olhando para ele.. e ele, nunca a viu.
Um dia ela resolveu cumprimentá-lo
Oi ... Ela disse com esperança nos olhos...
Oi... Ele respondeu e se calou, colocando fones de ouvido...
Ela se sentou e nunca mais disse oi, apenas sentava-se e ia todo o caminho olhando para ele...
Um dia ela não sentou-se no lugar de sempre, sentou no lugar ao lado dele. Enquanto ele ouvia sua musica com os fones nos ouvidos e seus olhos fechados, ela sussurrou alguma coisa e uma lágrima silenciosa correu pelo seu rosto. Na sua parada, ela levantou pegou seu caderno, parou na porta o olhou novamente e se foi.
No outro dia ela não voltou quando passamos da estação em que ela apanhava o metrô e ele não parou... Ele abriu os olhos e procurou por ela... Olhou para o lugar em que sempre sentava e ela não estava lá dessa vez. Ele se levantou e foi até lá. Preso entre o banco e a lateral da janela estava um pedaço meio amassado de papel. Ele o pegou e o leu e enquanto terminava uma lágrima silenciosa corria pelo seu rosto. Ao terminar um grito de dor ecoou pelo vagão do metrô fazendo com que todos que estavam ali voltassem-se para ele. Ele chorava desesperado e não ligava para os que estavam ao seu redor.
O bilhete escorregou até pertinho de mim, peguei e comecei a ler. Nele estava escrito em letras meio borradas por lágrimas...
“Desde a primeira vez que o vi me imaginei numa casa enorme, com filhos lindos, nós todos brincando no jardim de repente ele vem e me beija apaixonadamente como adolescente. E a alegria se esparramava por dentro de mim...
Só que isso nunca aconteceria. Eu o amava, mais ele mal sabia...
Um dia chuvoso, entrei no metrô, estava quase vazio e como chovia estava meio escuro do lado de fora, mais sua beleza tornava lá dentro, tudo completamente brilhante e empolgante para meus olhos.
Sempre me sentei em sua frente, todos os dias, todas as semanas, todos os meses... Mas ele jamais me viu... Um dia me arrisquei e disse oi, ele respondeu, mais não estava afim de conversas... Eu respeitei. A partir daquele dia não perturbei mais, apenas o observava. E a dor daquele amor apertava meu coração, já estava se tornando impossível agüentar. Então escrevi este bilhete e deixei aqui para que o encontrasse dissesse a ele que eu o amei... Tanto que não pude agüentar. Apenas me despedirei dele e assim que o metrô se for vou me jogar nos trilhos e esperar que o próximo possa aliviar a dor que torna meu peito um buraco negro... Sem fim, escuro e árduo cada dia mais e mais...
Apenas quero que saiba que eu amei...”
Quando chegamos próximo do lugar onde aquela moça sempre descia o metrô parou e o condutor veio nos avisar que não poderíamos passar dali, e teríamos que descer e pegar outro metrô na próxima estação porque uma garota havia se jogado nos trilhos ontem pela tarde e o trilho tinha sido fechado...
Nãããoo. Ele gritou com imensa dor. Mas não adiantava mais...
Ele ficou muitos dias e semanas sem vim. E depois sempre entrava no metrô sentava onde ela sempre sentou. Todos os dias sentava e olhava para o nada enquanto lagrimas silenciosas de dor corriam pelo seu rosto. Ele descia onde ela ficou pela ultima vez e lá ficava durante horas... Talvez tomando coragem para fazer o mesmo... Ou que sabe somente esperando que o fim do dia chegasse para poder fazer todo seu dia melancólico novamente ....
2 comentários:
nossa texto chocante! O amor não pode chegar nesse ponto de tirar sua propria vida.
o Amor parece ter medida pouco estraga e muito leva as coisa a fica muito ao extremo
acdbrasil.blogspot.com
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