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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Mais um era uma vez...



Ela sempre se sentou no mesmo lugar, bem na frente dele.
Ela era muito tímida, eu acho, era quieta. Usava roupas pretas, estava sempre com um caderno e caneta na mão, “Ela devia gostar de escrever”- eu pensava, as vezes estava muito triste... Ela vinha de metrô todos os dias... Sempre sentava ficava olhando para ele.. e ele, nunca a viu.
Um dia ela resolveu cumprimentá-lo
Oi ... Ela disse com esperança nos olhos...
Oi... Ele respondeu e se calou, colocando fones de ouvido...
Ela se sentou e nunca mais disse oi, apenas sentava-se e ia todo o caminho olhando para ele...
Um dia ela não sentou-se no lugar de sempre, sentou no lugar ao lado dele. Enquanto ele ouvia sua musica com os fones nos ouvidos e seus olhos fechados, ela sussurrou alguma coisa e uma lágrima silenciosa correu pelo seu rosto. Na sua parada, ela levantou pegou seu caderno, parou na porta o olhou novamente e se foi.
No outro dia ela não voltou quando passamos da estação em que ela apanhava o metrô e ele não parou... Ele abriu os olhos e procurou por ela... Olhou para o lugar em que sempre sentava e ela não estava lá dessa vez. Ele se levantou e foi até lá. Preso entre o banco e a lateral da janela estava um pedaço meio amassado de papel. Ele o pegou e o leu e enquanto terminava uma lágrima silenciosa corria pelo seu rosto. Ao terminar um grito de dor ecoou pelo vagão do metrô fazendo com que todos que estavam ali voltassem-se para ele. Ele chorava desesperado e não ligava para os que estavam ao seu redor.
O bilhete escorregou até pertinho de mim, peguei e comecei a ler. Nele estava escrito em letras meio borradas por lágrimas...
“Desde a primeira vez que o vi me imaginei numa casa enorme, com filhos lindos, nós todos brincando no jardim de repente ele vem e me beija apaixonadamente como adolescente. E a alegria se esparramava por dentro de mim...
Só que isso nunca aconteceria. Eu o amava, mais ele mal sabia...
Um dia chuvoso, entrei no metrô, estava quase vazio e como chovia estava meio escuro do lado de fora, mais sua beleza tornava lá dentro, tudo completamente brilhante e empolgante para meus olhos.
Sempre me sentei em sua frente, todos os dias, todas as semanas, todos os meses... Mas ele jamais me viu... Um dia me arrisquei e disse oi, ele respondeu, mais não estava afim de conversas... Eu respeitei. A partir daquele dia não perturbei mais, apenas o observava. E a dor daquele amor apertava meu coração, já estava se tornando impossível agüentar. Então escrevi este bilhete e deixei aqui para que o encontrasse dissesse a ele que eu o amei... Tanto que não pude agüentar. Apenas me despedirei dele e assim que o metrô se for vou me jogar nos trilhos e esperar que o próximo possa aliviar a dor que torna meu peito um buraco negro... Sem fim, escuro e árduo cada dia mais e mais...
Apenas quero que saiba que eu amei...”
Quando chegamos próximo do lugar onde aquela moça sempre descia o metrô parou e o condutor veio nos avisar que não poderíamos passar dali, e teríamos que descer e pegar outro metrô na próxima estação porque uma garota havia se jogado nos trilhos ontem pela tarde e o trilho tinha sido fechado...
Nãããoo. Ele gritou com imensa dor. Mas não adiantava mais...
Ele ficou muitos dias e semanas sem vim. E depois sempre entrava no metrô sentava onde ela sempre sentou. Todos os dias sentava e olhava para o nada enquanto lagrimas silenciosas de dor corriam pelo seu rosto. Ele descia onde ela ficou pela ultima vez e lá ficava durante horas... Talvez tomando coragem para fazer o mesmo... Ou que sabe somente esperando que o fim do dia chegasse para poder fazer todo seu dia melancólico novamente ....

2 comentários:

Marcus disse...

nossa texto chocante! O amor não pode chegar nesse ponto de tirar sua propria vida.

Castelomau C.C.B disse...

o Amor parece ter medida pouco estraga e muito leva as coisa a fica muito ao extremo

acdbrasil.blogspot.com

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